RECOMENDAÇÕES
O aborto nos meios de entretenimento
A pauta do aborto tem sido mais discutida com argumentos pró e contra a sua descriminalização. Esta presente nos livros, na televisão, em séries, filmes e, em estudos e reportagens.
A interrupção da gravidez passou a ser retratada e vista de outras maneiras com o passar dos anos nas vias políticas e sociais. Tal fato refletiu nos streamings, romances e novelas. As mulheres que antes sofriam ao fazerem um aborto passaram a sentirem-se menos culpadas com suas perdas ou escolhas feitas. E, com isso, a sofrer menos complicações durante um aborto consciente, como problemas físicos e/ou emocionais, o que ocorria com maior frequência nos roteiros entre os anos de 1980 e 2000. Muitas vezes, as mulheres que aparecem indecisas em realizar um aborto, passavam por toda a trama em um dilema social e moral. Levando em consideração o que perderiam com uma gravidez e em outro ponto os julgamentos e uma moral inserida em suas vidas, tomam a decisão de dar continuidade a gravidez.
Aqui iremos apresentar algumas leituras, filmes, séries e documentários com a temática do aborto. As recomendações a seguir são tanto com temas pró-descriminalização do aborto e como temas pró-vidas e/ou religiosos.
O intuito dessa seção é que possam tirar suas próprias conclusões sobre o assunto após vocês, leitores, terem lido e analisado todo o nosso panorama sobre o aborto. Completando essa experiência vendo e ouvindo mais sobre o assunto de outra forma. Além de terem um maior contato com o meio artístico e suas abordagens sobre assuntos importantes da sociedade.
Textos com a temática do aborto
O aborto não é, como dizem, simplesmente um assassinato. É um roubo... Nem pode haver roubo maior. Porque, ao malogrado nascituro, rouba-se-lhe este mundo, o céu, as estrelas, o universo, tudo. O aborto é o roubo infinito.
ABORTO
POESIA RUDE E SINCERA SOBRE O ABORTO
Eu quero poder escolher entre gerar uma criança em meu ventre
e não dar chance ao feto de crescer dentro de mim.
Eu quero ter a opção de abortar.
Eu quero decidir o que fazer com o meu corpo.
Eu quero poder escolher entre ser mãe e continuar sendo mulher mesmo assim.
Eu quero que parem de impor que eu tenho que gerar um bebê.
Quero ter a liberdade para decidir o que vai sair da minha vagina
e não quero ser julgada caso eu diga “não” à gravidez.
Eu quero poder tomar minhas decisões baseadas em meus princípios
e não no que os outros pensarão de mim.
Eu quero que as manas possam ser elas mesmas sem precisarem provar algo
para a sociedade que só nos massacra com suas hipocrisias.
Eu quero que minha vizinha não seja julgada por ser mãe solteira
e também não quero que a mulher do carteiro seja rotulada como “desnaturada”
por não querer gerar um filho.
Eu quero mais amor e mais liberdade.
Quero que a justiça entenda que precisamos ser livres.
Eu quero viver
sem ter que colocar outra vida no mundo.
Eu quero decidir se vou ou não ser mãe.
Eu quero decidir.
Sozinha.
Eu só quero poder abortar caso eu não queira ter um filho.
E eu quero respeito por decidir o que fazer com minha própria vida.
Meu corpo, minhas regras.
Se não é seu corpo, de que lhe importa?
Minha poesia para sua hipocrisia,
que talvez tenha se tornado um monólogo,
mas com a intenção de avisar que
no meu corpo mando eu.
Apenas.
Eu só quero ter a opção de ter opções.
Quero que entendam que eu preciso escolher
e determinar o melhor para mim.
Eu quero decidir.
Eu Não Te Conheço - TUYO
Somos mercadorias ilegais, sangue percorre nossos caminhos entre vai e vem de mim. E eu não poderei te salvar. O pouco de humanidade que me resta me faz dizer: seu ser se tornará um parasita e irão te matar de outra forma. Por qual razão eu permitirei isso? Prefiro que vá embora antes de seu peito bombear sangue e o meu te declarar amores. Não posso permitir que te tirem de mim, eu preciso tomar essa decisão por conta própria, eu devo fechar o seu caminho para que eu possa abrir o meu novamente, sem que o medo horrendo me possua mais uma vez. Eu te poupo a vida e o sofrimento, economizo seu sangue e não te peço perdão. Eu não perguntei o seu nome. Eu não te chamei aqui. Eu não te pedi um pedaço. Eu não te conheço. Por que me escolheu? Meu ser se quebrará em dores profundas que não sei se sobreviveria. Eu realmente não imagino no que eu me tornaria ao perder toda a minha consciência para o medo. Nós conseguiríamos viver no mesmo mundo? Eu não tenho estruturas, meus ossos estariam em um constante quebrar, meu eu iria morrer com medo de te amar. Então, tomo a decisão. Mão direita no ventre, a esquerda no peito. Deus e o mundo não conseguiriam mudar o que já está estabelecido. Espero que seu caminho de volta seja como um sonho, que você não perceba as lágrimas e o sangue que me correm.
17h54
05/07/20
*este poema foi inspirado na música “Eu Não Te Conheço”- Tuyo
Náira Araújo Vieira
Documentários com a temática do aborto
Lançado no ano de 2014, o documentário “Clandestinas” é feito por atrizes que interpretam relatos reais de mulheres, anônimas e suas experiências com o processo de abortamento.
Fim do Silêncio: Um filme sobre o aborto. Lançado em 2008, contém depoimentos de vinte e duas mulheres de três estados - São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro - que fizeram abortos clandestinos. A diretora do documentário, Thereza Jessourom, afirma “Queria tirar o tabu, para que todos vejam o risco que é fazer aborto desta forma”.
Lançado em janeiro de 2010, o documentário “12th & Delaware” mostra no estado da Flórida uma clínica de aborto e uma clínica cristã de apoio à gravidez, na mesma esquina, a qual tenta impedir mulheres de fazerem abortos. Dirigido por Rachel Grandy e Heide Ewing.
Uma História Severina - documentário brasileiro que conta o drama vivido por Severina, uma mulher pernambucana, que descobriu uma gravidez de um feto anencefálico. O curta tem 23 minutos, foi lançado em 2005 e dirigido por Débora Diniz e Elaine Brum.
Roe X Wade: Direitos das Mulheres dos Estados Unidos, lançado em 2018 e disponível na plataforma de streaming Netflix.
Séries com a temática do aborto
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Sex Education: durante a 1° temporada, Maeve Wiley (Emma Mackey) descobre já no segundo episódio que está grávida, fruto do seu envolvimento com Jackson (Kedar Williams). No episódio seguinte, Maeve ao chegar na clínica de aborto, antes de Otis (Asa Butterfield), seu amigo que irá acompanhá-la, é recepcionada aos gritos de dois jovens cristãos pró vida que estavam com placas contra o aborto. Sarah, que revela ao decorrer do episódio que já realizou abortos antes e já conhecia o processo, tentando deixar o ambiente com as mulheres mais descontraído, o que foi uma tentativa falha. Após realizarem o aborto, Maeve e Sarah acordam em macas e com uma enfermeira distribuindo mousses e um remédio para dor, Maeve acaba dialogando com Sarah e descobre que a mesma já tinha três filhos e diz a garota “ Eu tenho três crianças e me sinto bem mais culpada pelos que tive, do que pelos que não escolhi ter. É melhor não ser mãe, do que ser uma mãe ruim”.
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Grey’s Anatomy: Na segunda temporada, Cristina Yang (Sandra Oh) revela a Meredith Grey (Ellen Pompeo) sua gravidez não panejada furto do relacionamento com o Dr. Burke, seu superior, mas já apresenta não querer dar prosseguimento à gravidez, pois preza pelo seu trabalho. Então, ao final do primeiro episódio diz a Grey que iria abortar e que deu o número da amiga para telefone de emergência, mas no episódio seguinte Dr. Yang sofre um aborto espontâneo por ter um início de gravidez extrauterina e seu tubo uterino estoura, ocasionando uma hemorragia interna. A médica passe mal durante uma cirurgia feita pelo Dr. Burke, que logo descobre a gravidez da ex-parceira.
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Little Fires Everwhere: lançada em 2020 e muito aclamada pelo público e pela crítica, a série é cheia de mistérios e dramas familiares que acabam abordando pautas raciais, sociais, de classes e entre outras. Em um dos episódios tem a temática voltada ao aborto, depois da jovem Lexie Richardison (Jade Pettyjohn) descobrir sua gravidez. Ela conta para a sua amiga, Peal Warren (Lexie Underwood) e pede para que ela acompanhe-a durante e pós o procedimento. Ao chegar na clínica, Warren descobre que a amiga usou sua identidade para fazer o aborto, pois tinha medo de que alguém descobrisse sobre o procedimento e que ela ficasse com má reputação. Mesmo após o choque, Pearl ajuda Lexie, já na casa de Pearl, Lexie dorme e a garota conta para a mãe o que a amiga fez e a mãe responde “parte meu coração que ela não te veja como é e só o que você pode fazer por ela”.

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Mrs. America: lançada em 2020, a minissérie já ganhou um Emmy de “Melhor Atriz Coadjuvante” para Uzu Aduba (Shirley Chisholm) e foi aclamada pela sua representação de uma época bastante intensa e decisiva nos Estados Unidos. Baseada em fatos, relata sobre a década de 70 na América do Norte, onde ocorria a luta do movimento feminista para ratificar a Emenda de Direitos Iguais, tão espera pelas mulheres feministas, junto também a luta pela descriminalização do aborto. Porém, mesmo preparadas para enfrentar desafios, as mulheres do movimento não esperavam ter que lidar com mulheres conservadoras que também se juntaram, criando um movimento forte e contrário a ratificação da emenda, liderado por Phyllis Schlafly (Cate Blanchett). Ela também mostra as discordâncias de opiniões e ideais dentro dos próprios movimentos, como: a presença de mulheres racistas em meio ao grupo do movimento conservador. Além da difícil aceitação de mulheres da comunidade LGBTQ+ nos grupos feministas. Até mesmo a pauta pela descriminalização do aborto é uma das discordâncias entre as feministas da série.

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Scandal: durante a 5° temporada, episódio 9 (2015), a personagem principal da trama, Olivia Pope (Kerry Washington) após engravidar de Fitz Grand (Tony Goldwyn) realiza um procedimento abortivo em uma clínica especializada. A cena em que ocorre o aborto é pequena, em si se trata de segundos, entre 28:15-28:46, ao som da faixa “Silent Night” de Aretha Frankiln. Porém, a cantora era cristã e conhecida, também, por suas músicas gospels e para que essa música fosse usada durante esta cena a criadora da série, Shonda Rhimes, fez questão de pedir permissão à cantora e explicitar qual seria a cena. Para a felicidade de Rhimes, Aretha deu a permissão par que a sua música fosse usada. “Eu quis ter certeza de que Aretha soubesse do que a cena se tratava”, conta a criadora. Shonda, também relatou que fora pressionada a corta a cena de Pope, mas não a cortou mesmo diante a pressão da TV ABC.

Filmes com a temática do aborto
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O Preço de Uma Escolha: três mulheres que vivem na mesma casa precisam se decidir se devem interromper suas gestações ou não. O filme dirigido por Cher e Nany Savora estreou em 1996, com a atuação de Demi Moore, Cher, Christine Cullen e Barbaba Barrowt.
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40 dias: O Milagre da Vida: lançado em 2019, o filme tem como enredo uma mulher que trabalha em uma clínica de aborto e sempre sonhou em poder apoiar outras mulheres. Depois de uma acontecimento, sua forma de ver as coisas muda e ela acaba se tornando uma das mais importantes vozes do movimento pró-vida nos Estados Unidos.
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O Segredo de Vera Drake: Vera (Imelda Staunton) pratica abortos clandestinos durante o ano de 1950, até que autoridades descobrem os atos ilegais de Drake e ela passa a enfrentar inúmeros problemas com a lei, sociais e julgamentos das pessoas.
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Roe V. Wade: estreado em 2019, o filme é a dramatização da decisão histórica feita em 1973 pelo o Supremo Tribunal dos EUA, sobre a questão das leis que criminalizavam o aborto.
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Assunto de Mulheres: Nesta história, Marie, uma mãe com dois filhos, cujo marido está preso, ajuda uma vizinha a realizar um aborto clandestino. Logo depois, outras mulheres passaram a procurá-la para que também pudessem serem ajudadas. O filme estreou em 1991.
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4 meses, 3 semanas e 2 dias: estreou no Brasil em 2008, o drama de 1h53min conta a história de duas amigas que acabam passando por uma teste de amizade, logo depois de uma delas descobrir uma gravidez indesejada e contratar uma pessoa para fazer um aborto ilegal.
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24 Semanas: lançado em 2016, o filme alemão dirigido por Anne Zohra aborda o dilema de uma mulher que está grávida de seis meses e descobre que seu bebê foi diagnosticado com a Síndrome de Down e um problema no coração. Logo após a revelação, a mulher começa a questionar como será o futuro de seu filho.
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Aprendendo Com a Vovó: Elle recebe uma visita inesperada de sua neta, a qual precisa de dinheiro para fazer um aborto. Entretanto, a avó também não tem todo o valor necessário, logo as duas partem em uma viagem para conseguir mais dinheiro para a realização do processo. O filme foi lançado em 2015 e contém 1h19min.